Na pesquisa por culpados encontrei o nome de um suspeito: um indivíduo brasileiro, de estatura média, escritor, conhecido pelo nome de Guimarães Rosa. Ele é o suspeito de ter introduzido este neologismo na língua portuguesa. Eis uma explicação pela Porto Editora:
neologismo (gramática)
Operação de formação de palavras que consiste na criação de um vocábulo novo recorrendo para isso aos processos de formação de palavras existentes e permitidos pelo sistema morfológico da língua. Os neologismos inscrevem-se nos processos de renovação e alargamento do léxico. Aos poucos estas palavras, inicialmente sentidas como recentes, acabam por
incorporar-se na língua, até se perder a consciência da sua novidade.
É na literatura que esta criação vocabular encontra um espaço privilegiado, como se pode verificar no seguinte excerto de Mia Couto, escritor moçambicano que reinventa a língua a cada momento, criando e adaptando do português de Moçambique neologismos muito sugestivos:
"Aurorava. O sol dava as cinco. As sombras, neblinubladas, iam espertando na ensonação geral. No topo das árvores, frutificavam os pássaros. (...) A claridade já muito espontava, como lagarta luzinhenta roendo o miolo da escuridão. As criaturas se vão recortando sob o fundo da inexistência. Neste tempo uterino, o mundo é interino. O céu se vai azulando, permeolhável. (...)"
Mia Couto, 1994, "O Poente da Bandeira", in Estórias Abensonhadas, Lisboa, Caminho: 71.
Outro exemplo é palavra estória, por oposição a história, um neologismo introduzido pelo escritor brasileiro Guimarães Rosa, num claro paralelismo com as palavras story e history no inglês. Assim, Estórias Abensonhadas são narrativas ficcionais, criadas pelo escritor, enquanto as histórias são narrativas que tiveram lugar num tempo-espaço reais, protagonizadas por pessoas de carne e osso.
Por enquanto prefiro continuar como dantes e escrever a crónica "Histórias da Minha Banda"... com h.
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