segunda-feira, novembro 10, 2003

Bacalhau

Quando eu nasci, há 7845 dias, no dia 19 de Maio de 1982 enquanto o Papa visitava Fátima, o médico depois de dar a tradicional palmadinha e ouvir a pobre criança a gritar desalmadamente que nem doida, disse prontamente: Tens bons pulmões, vê-se que és da terra do bacalhau!

Quando a minha me conta este episódio eu não compreendo o porquê de tal afirmação: o que é que tem uma coisa a ver com a outra? Mas então ela lá tenta pacientemente explicar. Queria apenas o médico fazer alusão às Cortes, terra que conhecia bem e é conhecida por servir um bom bacalhau nalguns restaurantes. No entanto, premonição ou feitiço, a verdade é que nunca gostei muito de bacalhau, a não ser em alguns pratos.

Contudo, a falta continuada provoca mudanças. No país das tulipas de entre o pouco peixe que se pode encontrar nos supermercados, o bacalhau é esquecido. Há algumas marcas que vendem em caixas de cartão um paralelepípedo de bacalhau congelado estilo ração de combate que se torna numa ofensa ao próprio peixe.

Já por várias vezes referido aos holandeses e demais não lusitanos, seja ao som de alguma música inspiradora, seja à mesa com saudades, e muitos não fazem ideia do que estamos a falar. Pelos vistos o tipicamente português bacalhau da Noruega é mesmo só isso: português! E depois começa-se a falar das várias maneiras de o cozinhar e a pensar em como a mãezinha o cozinha e de súbito o silêncio: não falem no que não podem ter!

Porém, através dos pais do Miguel, chegou aqui a Maastricht o verdadeiro bacalhau, demolhado como se quer. Então ficou logo encaminhado para o jantar de ontem, no quarto multiusos. Bacalhau cozido com batatas, cenoura, cebola, couve e bastante azeite (praticamente uma garrafa dele!) soube a pouco, apesar de termos todos ficado bastante cheios. Estava mesmo muito bom! E foi um jantar à portuguesa…

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