quinta-feira, novembro 20, 2003

Futebóis

“Leiria deslumbra” é o título do artigo que faz cobertura do jogo entre Portugal e o Koweit, em que este último foi derrotado pelo outro, o primeiro, por oito golos sem resposta, no novo estádio José Magalhães Pessoa, em Leiria, publicado na página “Mais Euro 2004” do IOL. Fala-se do êxtase em que permaneceu o público, bastante, que assistiu a um jogo fácil. Houve inclusive fogo de artifício para marcar a estreia do estádio ainda por acabar, fazendo lembrar uma passagem de ano qualquer!…

Tudo isto é muito bonito, mas vazio. Como se espera que fiquem as bancadas após o Euro 2004 ou, como alguns já o chamam, o Erro 2004! Primeiro, o União de Leiria por muito grandioso que seja, e eu gosto de ver esta minha equipa ganhar, não move adeptos suficientes para garantir estádios cheios na temporada normal. Se antes o estádio estava quase sempre pouco menos de meio cheio, não vai ser agora que o duplicaram que vai ser mais fácil de vender os bilhetes para todas as cadeiras. Se calhar é a pensar nisso que as cadeiras estão pintadas de várias cores, sem padrão definido, de modo a que, nos ecrãs de televisão, pareça que está cheio quando está deserto!

Para além disso, o estádio não pertence ao clube que está mais habituado a utilizá-lo, mas à Câmara Municipal de Leiria, sendo depois arrendado ao clube que queira… ou possa. É claro que não é gratuita a manutenção de um estádio desta envergadura e só alguns clubes têm capacidade financeira para suportar essas despesas. O que não é o caso do União de Leiria. A S.A.D. do União ia-se dissolvendo com saídas de presidentes e ameaças várias. Até que, finalmente, aparece o inevitável: o União de Leiria declara não ser capaz de gerar recursos para pagar o arrendamento do estádio à Câmara. Coloca-se então a questão: se não é o União de Leiria, que apesar de não um clube muito grande é o maior que temos na região, que clube vai tomar o seu lugar e rentabilizar aquele estádio enorme?

Com esta questão sem resposta em mente surge a noção de custo de oportunidade. O que é que poderia ter sido feito com o dinheiro ali gasto? Bastantes despesas bem mais produtivas podiam ter sido consideradas, mas ninguém as viu ou quis ver. Será que é do fumo do fogo de artifício?

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