Foi longa a viagem até Oviedo e dura a caminhada nos Picos da Europa. Mas muito impressionante pela grandiosidade daquelas montanhas. Faz-nos redimir à condição de mero ser que habita um planeta belo e que o deve estimar.
Aliás, foi essa falta de estima que nos causou problemas. Isto quando fizémos a Ruta del Cares, à beira do rio Cares, mas a uns bons metros de altura num caminho escavado na rocha. No mesmo nível seguia um canal de água que, no fim, servia para produzir energia eléctrica. Mas naquele ponto e com aquele calor era um prazer pela frescura como que tirada do frígorífico. Regalámo-nos com aquela água, bebemos litros dela e que bem que sabia.
No dia seguinte, porém, começaram a sentir-se manifestações de desagrado físico: vómitos, diarreia, papel higénico na mão, indisposição, falta de apetite, correr de noite para a casa-de-banho... A água que nos pareceu tão pura e de frescura tão regeneradora apenas serviu para causar uma gastrenterite generalizada!
Apesar desde precalço, foi expectacular esta viagem aos Picos. A Ruta del Cares de 3h, à beira do rio, onde no fim tomámos banho e almoçámos, regressando ao ponto de partida quase a correr, em 1h42m! Isto para subir a Bulnes, por uma parte da Ruta de la Reconquista, num caminho bastante íngreme, descendo pelo funicular de Bulnes.
Na segunda-feira ainda fomos até Covadonga e depois fizémos um caminho até um miradouro soberbo, onde está sepultado o primeiro explorador dos Picos da Europa: Pedro Pidal. É soberbo, porque é uma falésia enorme com uma paisagem impressionante em volta. Em seguida subimos ao pico Cotalbo, de mais difícil acesso e que ainda tinha, apesar do calor, restos de neve. É interessante saber que todas as construções ali, como os refúgios, são feitas transportando tudo à mão ou com a ajuda de cavalos. Para além disso, foi daqui desta zona das Astúrias que teve origem a Reconquista com Pelayo como grande herói.
Muitas coisas para contar de uma viajem cansativa, mas emocionante e que recomendo.
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