Esteve nos últimos dias por Leiria um peregrino invulgar. Um homem de 70 anos, longas barbas, duas pernas, um só pulmão. Fez o caminho de Roma a Fátima de bicicleta e vai voltar da mesma maneira!
António Coelho da Silva Monteiro nasceu em Alcobaça, ou melhor, a bordo do navio de guerra “Afonso Henriques” no regresso a Portugal da invasão às costas da Índia, e trabalha em Roma num albergue a ajudar pessoas carenciadas. Não traz dinheiro nenhum consigo, alimentando-se do que as pessoas lhe quiserem dar. Tudo o que transporta resume-se aos 60 quilos de bagagem, que, diz ele, sempre pesam menos que os pecados no mundo.
Quando vemos alguém assim com uma atitude tão radical perante a vida, tão pouco normal, perguntamo-nos que factos despoletaram tais sentimentos. Este peregrino de que falo, que já quis ser padre, esteve preso num campo de concentração em Nova Deli. Lá marcaram-no, como quem marca um animal, com o ferro quente, com o número 13 no nariz. Viu a mulher e a filha a serem abatidas a tiro a bordo de um navio ao largo da Venezuela. Combateu no Vietname. Esteve exilado no Brasil...
Apesar de tudo, considera-se um homem de sorte e muito feliz. Pedala quilómetros em nome da paz no mundo e já faz este percurso de Roma a Fátima e volta a Roma de bicicleta há já cinco anos. Inseparável da Bíblia e do crucifixo da Ordem dos Franciscanos, segue a sua viagem com ajuda divina.
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