segunda-feira, maio 15, 2006

11.5

Um primo meu falou-me nela e depois vi anunciada no jornal: 16ª Corrida da Barreira, pelo Clube de Atletismo da Barreira. No jornal dizia 3€ para uma corrida de 11,5 Km, com direito a uma t-shirt e almoço no final (sopa da pedra e sandes enormes de carne de porco no espeto).

No entanto ao inscrever-me disseram-me que os 11,5Km eram 5€ (os 3€ eram para a caminhada) e era exclusivamente para atletas federados. Como uma rapariga já me tinha dado o dorsal disseram não haver problema, mas para ir devagarinho, por, não sendo atleta federado, não ter seguro desportivo caso acontecesse algo inesperado. Portanto fui entre os atletas que treinam vários dias por semana tentar mesmo assim não fazer má figura.

O caso é que não estava para brincadeiras! Ao contrário da mini-maratona de Lisboa que é sempre a descer ou plano e com menos quilometragem, ali começava logo com uma rampa valente que eu tenho alguma dificuldade em fazer de bicicleta, fará a pé e ainda por cima a correr num dia quente como o de ontem. Da partida/meta seguia-se num sentido, subia-se durante pouco mais de 2Km, voltava-se para trás, passando pela partida/meta seguindo no sentido oposto ao inicial até ao quilómetro 8º, voltando de novo para trás em direcção à meta.

O problema é que à primeira vez que passei pela meta (cerca de 4Km) já me apetecia desistir e ficar logo por ali. Já estava de rastos e ainda nem ia a meio. Lá continuei sempre a pensar quando é que ia desistir, apesar de ir num ritmo lento, pois estava bastante cansado e nem os dois pontos de abastecimento de água ao longo do percurso foram suficientemente revigoradores. Ao 6º Km os júniores e juvenis (com dorsais de cores diferentes) voltavam para trás e eu que ainda tinha de ir ao 8º só pensava fazer aquele atalho que me fazia poupar 4Km preciosos quilómetros. Mas segui sempre.

Num certo ponto segui um velhote federado de um clube qualquer de atletismo e o meu objectivo de jovialidade passou a ser o de chegar a frente dele. Mas nem isso estava fácil. As pernas arrastavam-se, custava subir os joelhos para lançar as pernas o mais à frente possível abrindo a pernada, a respiração estava já num controlo difícil, as placas que sinalizavam cada quilómetro pareciam-me mudadas de sítio, por nunca mais aparecerem...

E eis que finalmente vejo a torre da igreja da Barreira, à frente da qual estava a meta. Não estando a cronometrar o meu tempo apontava para fazer menos de 1h30m, pelo menos assim queria pensar, para não ser uma vergonha demasiado grande. Uma ou outra vez olhei para trás para ver se não era o último e lá via alguns corredores, o que, não animando muito, sempre dava aquele consolo psicológico de não ser o último.

Finalmente avisto o relógio na meta. Pareceu-me ver 1:30 e tal, estava no limite do meu objectivo e de repente muda para 1h40m. Ao chegar mais perto constacto com felicidade a minha miopia, pois estava em 1h04m, perto do minuto cinco quando passei a meta. Melhor do que eu estava à espera para a distância que era e dificuldade do percurso com algum declive. Uma satisfeição que foi complementada pelo gosto do porco no espeto numa sandes gigante.

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