quarta-feira, maio 03, 2006

Acapatrono

Foi o primeiro Acampamento Regional da Iª secção em que participei. Por isso, pairava uma certa expectativa, apesar de a actividade ser durante apenas dois dias.

Para este ano o local escolhido foi o parque de campismo da Orbitur em S. Pedro Moel, perto da praia e da mata. O espaço reservado aos escuteiros estava dividido em cinco campos consonantes com o imaginário da actividade: o Sr. Incrível, a Mulher Elástica, a Violeta, o Flecha e o Zézé.

Eu fiquei no campo da Mulher Elástica e a primeira coisa a fazer era montar as tendas e o pórtico de campo. No caso, uma estrutura de madeira simples, rectangular, com elásticos presos em dois pontos superiores e esticados ao longo de duas linhas de pontos inferiores, criando o efeito dos cabos de aço de uma ponte suspensa.

A tarde foi passada com jogos na praia de S. Pedro, com escuteiros espalhados por todo o areal. O jogo onde fiquei, e que me calhou ser eu a explicá-lo sempre que chegava mais uma alcateia, fazia com que os lobitos se defendessem dos Agentes Infiltrados do Síndrome: os chefes.

A mecânica do jogo era simples: num quadrado largo desenhavam-se umas três linhas paralelas e equidistantes. Em grupos de cinco ou seis dispunham-se de mãos dadas ao longo de cada linha, formando um cordão humano. Os chefes, isto é, agentes do Síndrome, tinham de contornar cada "cordão" sem sair do campo e sem que o lobito da ponta lhe tocasse. Todo o cordão teria de andar para um lado ou para o outro ao mesmo tempo para não deixar ninguém passar e agarrar bem as mãos dos colegas do lado. O trabalho de equipa era a chave.

Daí seguia-se a luta contra o Síndrome, o vilão. Mas como fazer uma luta pedagógica sem violência? Na reunião de preparação surgiu uma ideia muito simples mas eficáz: o Síndrome é um vilão sizudo, sempre se mal com a vida e o seu ponto fraco era a falta de humor; o desafio era fazer rir o Síndrome. Sujeitou-se o Mário Duro como chefe de campo a fazer de Síndrome com uma fatiota azulada com umas cuecas por fora à super-herói e os lobitos tinham de o fazer rir.

No sábado à noite, a seguir ao jantar celebrou-se a Eucaristia pelo padre André da Maceira. Eu não o conhecia, mas fiquei logo elucidado quando perguntei à Balu da Sé: "É aquele de branco!"

A seguir, com os miúdos cansados dos jogos da tarde e ensonados com a missa, fez-se o fogo-de-conselho morno, com pouca inspiração. O ponto alto foi a versão da Santa Catarina pelo Marco e pelo Marcos da Sé.

Com os lobitos a dormir houve confraternização com chouriça e morcela assada, broa caseira que estava um espectáculo e um chá e bolos para acabar. Então sim, podíamos ir dormir reconfortados...

No domingo houve mais jogos, mas agora só depois de estar tudo arrumado e prontos a ir embora. O jogo onde fiquei desta vez foi o de pinturas com limitações: aleatoriamente calhava pintar com o pincel na boca e pintar com os pés. O objectivo era perceber as dificuldades de quem não é perfeito e mesmo assim pinta na perfeição.

Para acabar, com todas as alcateias formadas, e em jeito de despedida do departamento que para o ano será renovado, foi dado a cada alcateia um S. Francisco para pôr no totem. Assim que saía o nome do agrupamento pelo megafone, ouvia-se a última sílaba pelos caminheiros que ali estavam e um acorde de guitarra pelo Matu. Tornou-se hilariante porque se aplicava a qualquer coisa que era dita: Carvide - ide, Parceiros - eiros, Marinha Grande - ande, Queria agradecer - er, o empenho de todos os que aqui estiveram - eram.

Uma maneira divertida de acabar.

Sem comentários: