quarta-feira, maio 10, 2006

Sra. da Gaiola

Reza a tradição que a imagem de Nossa Senhora da Gaiola terá sido descoberta no tronco de uma árvore por uns pastores da região. Surpresos, ajoelharam-se reverentemente e logo construíram uma cabana de ramos de árvores para a entronizarem, que parecia mais uma gaiola.

A notícia correu célere e trouxe à capela improvisada populares de diversos lugares, que à santa imagem começaram a chamar Senhora da Gaiola. Os milagres a ela atribuídos levaram muitos a ali assentarem arraiais.

Com o crescimento do povoado, a primeira ermida deu lugar a um templo maior. A Igreja de Nossa Senhora da Gaiola que hoje conhecemos data dos inícios de Seiscentos. As festas da Senhora da Gaiola foram decretadas por D. João III, que assim institucionalizou a já antiga tradição e lhe marcou data anual, sempre no primeiro domingo de Maio.

in Região de Leiria, 5 de Maio de 2006


Os festejos este ano foram de 5 a 8 de Maio no adro da igreja paroquial das Cortes entretanto alargado com a demolição de uma casa velha comprada pela igreja. Nesse terreno dipuseram-se lado a lado dois palcos e ainda havia muito espaço que as pessoas timidamente ocupavam por o chão estar só com pó de brita.

A atracção deste ano foi o Padre José Luís Borga, no domingo, a ensinar a rezar duas vezes ao mesmo tempo, cantando. No fim, o fogo de artifício preencheu de cor o céu e as pessoas foram para casa.

Como é habitual, a Filarmónica das Cortes participou nesta festa da sua terra com a Filarmónica da Caranguejeira como convidada no domingo. As bandas saúdam-se com os respectivos hinos, formadas frente uma à outra, e seguem para a recolha de andores a tocar uma marcha.

A seguir à missa, a procissão com os emblemáticos "meninos Jesus" e os tabuleiros das ofertas à cabeça de perto de duas centenas de mordomos ou seus representantes num manto branco pelas ruas das Cortes. Segue uma filarmónica à frente e outra no fim, com marchas mais lentas, de procissão.

A hora de almoço é que fica adiada para quem está de serviço na filarmónica lá para as três da tarde.

O concerto às 16h com as duas bandas filarmónicas a tocarem alternadamente uma obra cada uma reúne um bom número de espectadores atentos e interessados. Entre os filarmónicos há uma certa competição intrínseca e uma curiosidade em relação às peças que vão executar.

Uma tradição que se mantém é a despedida da filarmónica na igreja. A marchar e a tocar até perto do altar e aí tocar um cântico religioso como que em sinal de oração. E finalmente sair a marchar. Essa despedida aconteceu na 2ª-feira depois de uma procissão mais pequena e de um concerto mais curto.

Esta festa é uma tradição que se vai mantendo desde meados do século XVI. Vive-se uma experiência de devoção a Nossa Senhora da Gaiola e um convívio entre a população da aldeia das Cortes que são de salutar.

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