sábado, dezembro 13, 2003

Roma

Pessoas. Para quem vai Roma, o Papa é daquelas figuras tão míticas que quase consta no mapa, na praça de São Pedro, com horário e tudo: domingo de manhã ao meio-dia. Então fizemos um esforço para ali estar a horas para conseguir ver aquele senhor trémulo de 83 anos em que mal se percebe o que ele diz, mas que possui um carisma e uma força que influencia muita gente no mundo.

Só não reparámos que no dia seguinte era dia 8 de Dezembro, dia da ascensão de Maria, bastante importante para a Igreja, pelo que milhares de pessoas ali se deslocaram propositadamente. O metro que tardou a chegar, parou em vão na estação: não saiu ninguém nem ninguém mais cabia lá dentro. O que veio logo a seguir assemelhava-se-lhe bastante, por incrível que possa parecer e, sendo nós três, a três portas nos dirigimos de modo a que pudéssemos entrar no metro, fazendo parte da sardinha em lata que seguia rumo à estação Ottaviano-S.Pietro.

Aí algo aconteceu que mostrou a reacção espontânea dos italianos. Um homem, provavelmente desesperado (só pode), tentou entrar no metro apinhado, forçando aqui, acotovelando acolá, acabando por magoar um menina pequena, ao que quem estava com ela reagiu rispidamente: imbecile, cretino! Naquele aperto ainda foi possível fazer um conhecimento de algumas estações de metro de duas portuguesas, mãe e filha depreendi eu, que também se faziam passear por Roma.

Finalmente alcançámos a praça de S. Pedro, repleta de fiéis, turistas e curiosos à espera do aparecimento da figura mais frágil e com maior poder na igreja. Eis que aparece o manto vermelho (tiramos fotos) e pouco depois o Papa João Paulo II inicia o seu discurso (e tiro uma ou outra fotografiazita). Já posso, portanto, dizer que fui a Roma e que vi o Papa, coisa que estive tão perto de fazer quando nasci, visto que ele estava a menos de trinta quilómetros de mim nessa altura!

A seguir ao Papa, alguém também muito importante, embora mais no nível da amizade, iria ter connosco: o Zé Henrique. Já antes tinha estado connosco e havia-nos levado a sítios que valiam a pena ver, mas que escapavam aos olhos de muitos turistas. Para além do mais a experiência que já tem de Roma, mesmo não estando lá assim há tanto tempo, ajudou a que se vissem bastantes coisas em pouco tempo. E depois vamos logo directamente àqueles sítios apelidados de "os melhores"!

Foi mesmo muito agradável a presença do Zé Henrique entre nós e por mais que o escreva não o consigo escrever completamente. Sabendo que iria ter frequências na semana seguinte não deixou de nos acompanhar por sítios que já conhece sem querer nada em troca: apenas pelo simples prazer de estar entre amigos.

No princípio, não sabendo, a Sandra começa a atravessar uma avenida na passadeira, até que se encontra praticamente no meio da estrada e as pessoas ainda assim não paravam, antes preferiam desviar-se dos peões! Este comportamento automobilístico algo stressado foi curioso e assustador no início, pois nem era muito seguro atravessar uma estrada na passadeira e com o semáforo verde para os peões. Era sempre aconselhável olhar duas vezes!

Parece que há por um lado uma desorganização intrínseca no sangue italiano, por outro, um excesso de zelo em certas coisas. Ao observarmos meio aparvalhados o “Altar da Pátria”, starring Vítor Emanuel II, na praça de Veneza, dada a dimensão de uma obra com fins aparentemente limitados, ouvimos um som de apito histérico ordenando algo que nos passava ao lado. Mas não, era mesmo porque a Filipa tinha um caroço de maçã na mão, pois não tinha onde o pôr, e a mulher não a deixou em paz enquanto ela não guardasse o caroço dentro dum saco!!! Um pouco surreal… ou simplesmente latino!

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