Quando se vai tratar de qualquer assunto que envolva papelada, principalmente se o local onde tivermos de ir estiver sob a tutela do Estado, devemos precavermo-nos com um método de passar o tempo.
Isto porque o desfasamento temporal entre o número da nossa senha e o número da pessoa que está a ser atendida faz-nos, depois de confirmarmos que estamos a olhar para a placa certa, desesperar e expirar pela boca e repetir várias vezes de modo audível: "Isto só neste país", ou algo similar.
O problema das senhas é que dá sempre tempo para fazer imensas coisas entre o momento de tirar a senha e sermos atendidos. Porém, numa fé cega, mantemo-nos sempre por ali sentados ou de pé, se já estiverem os lugares todos ocupados, meia hora, uma hora, duas horas... e acabamos por não fazer nada nesse tempo, porque pensamos que os números podem andar mais depressa por haver pessoas, porventura mais fracas, que desistiram de esperar e se foram embora.
Eu assim que tirei a senha para a Conservatória do Registo Predial das Caldas da Rainha e vi que faltam 30 números para a minha vez, saí logo para o sol, para fazer uns telefonemas, estudar o projecto e os documentos que tinha em mãos e ler um livro. Voltava lá de meia em meia hora e só ao fim de duas horas é que fui finalmente atendido.
A meu ver, o problema é que, infelizmente, eu não estou a falar de uma excepção.
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