Por vezes as pessoas com quem lidamos no dia-a-dia comunicam-nos mais do que as mensagens que nos querem transmitir: são antênticos anjos mensajeiros sem se darem conta.
O desenhador David Simões, com quem conversei bastante ontem, teve um início de vida profissional bastante difícil. Trabalhou na Câmara Municipal de Leiria como assistente do arquitecto camarário. Era bastante explorado. Trabalhava muito, apesar de o ordenado mal dar para a gasolina, e nem por isso lhe era dado o devido valor.
Decidiu despedir-se e empregar-se na Intertelha, mas cedo percebeu que uns trabalhavam e outros bajulavam o patrão, o Sr. Meneses. Comunicou-lhe a situação com franqueza e como resposta ouviu que vivemos num mundo selva. Decidiu sair, apesar de não ter nenhum trabalho para onde ir.
Passado pouco tempo começou a vender fraldas, algo que nada tinha a ver com a sua profissão, mas assim esteve durante uns meses. Isto até perceber que não conseguia, a par do emprego, fazer uns pequenos projectos. Decide, então, concentrar-se apenas nos projectos de arquitectura, mas não tinha ainda uma carteira de clientes significativa.
Nos primeiros tempos foi complicado, com a esposa já grávida e ao fim do mês não conseguia mais do que 30 contos. Batia de porta em porta de gabinetes de desenho a perguntar se havia projectos para passar, algo que pudesse fazer para não estar parado e puder receber algum dinheiro.
Aos poucos, com honestidade, foi construindo uma reputação sólida de bom trabalho e bons preços, alargando a sua carteira de clientes. Agora já tem de recusar alguns pedidos, dado o volume de trabalho que vai tendo.
Contou-me que, também ele, está a entrar no mundo da construção. Vai estrear-se a construir uma moradia para venda, assumindo a condução da obra e escolhendo a quem delegar cada tarefa.
Partindo da experiência própria, foi uma ajuda a clarificar umas ideias, uma fonte de sugestões interessantes e um estímulo a seguir em frente.
Sem comentários:
Enviar um comentário