segunda-feira, março 27, 2006

Corridas

Este ano chegou a pensar-se cancelar a meia maratona de Lisboa caso se registassem os previsíveis ventos fortes acompanhados de chuva. As boas notícias para quem fez parte dos trinta e cinco mil (35.000) que participaram foi que nada disto aconteceu. Esta corrida parece estar condenada a ser sempre com bom tempo.

E tempo era precisamente o que tínhamos menos, porque, de Leiria eu e o meu primo Fernando já viemos em cima da hora e depois, já em Lisboa, o João, colega de faculdade do meu irmão, não se lembrava da mudança de hora e estava a preparar-se na maior das calmas. O último comboio para a margem sul era às 9:50 em Entrecampos e a essa hora ainda estávamos em casa dele!

Com os quatro já no carro foi voar até perto do Jardim Zoológico, onde deixámos o carro no primeiro lugar que vimos, saimos do carro e fomos sempre a correr até aos comboios de Sete Rios. As pessoas que estavam dentro do carro atrás do meu devem ter pensado ou que o carro era roubado ou que lhe tínhamos posto uma bomba, para fugirmos daquela maneira.

Apesar desta correria, quando chegámos, esse último comboio acabara de partir. Restava-nos esperar pelo próximo (o da 10:15) e chegar à ponte já com a prova a decorrer. Mesmo assim ainda havia uma multidão que se afunilava pelos dois caminhos laterais em direcção ao garrafão da ponte. Ao passar pela partida eram já 10:50, vinte minutos depois do início!

Como "prémio" por termos começado no fim, aguardava-nos toda uma multidão de não corredores, pessoas dispostas a pagar os 16€ para tirar fotografias da ponte e empatar os outros que queriam correr. A maior parte do trajecto fez-se a ziguezaguear essa multidão lerda. Muitos vinham só para ver se apareciam na televisão e haviam ideias muito engraçadas, como três homens a imitar o anúncio da garrafa Pluma da Galp com as meninas do gás de cabeleiras profundamente loiras, calções muito curtinhos e a bilha ao ombro. Hilariante!

Ainda ia no início da ponte, da margem sul a caminho de Lisboa, e já se vislumbravam pessoas a chegar à meta, que teriam feito os oito quilómetros da mini-maratona em pouco mais de 20 minutos, o que é verdadeiramente impressionante e requer uma excelente preparação física de que eu não disponho, se é que alguma vez dispus.

Ao descer a ponte em curva acentuada um acidentado estava na berma da estrada acompanhado dos paramédicos e já com o colar cervical ao pescoço. Naquela parte do percurso a grande velocidade não conjuga bem com a grande multidão e ocorrem várias quedas. Eu próprio disse ao meu irmão no início, em tom de brincadeira, para contentamento de um senhor que ouviu, que só valia derrubar duas pessoas até ao fim da prova!

Mas antes do fim a parte mais difícil: a interminável recta e a passagem pela antiga Cordoaria Nacional. Abrandei o passo na zona de abastecimento para beber água e na passagem pelo referido edifício amarelo muito comprido. Depois, como num esforço derradeiro por me aproximar do fim comecei a correi numa passada larga o sprint final que tem de ser bem calculado para não nos estafarmos antes do fim, mas só aí. Pois, os arcos insufláveis enganaram-me e não aguentei aquela passada boa de se ver na televisão até à meta e tive de abrandar.

Quando passei pela meta o relógio indicava 1:02:48, o que, descontando os vinte minutos que demorei a chegar à partida, faz o tempo de cerca de 42 minutos. Antes de mim chegaram os primeiros da meia-maratona, incluindo o Tergat (o dorsal dele não tinha número, mas o nome dele) acompanhado pela mota da RTP que o ia a filmar. Fez certamente menos de uma hora (e não tinha de descontar tempo nenhum, porque os da meia-maratona partem à frente de todos os outros), o que dá uma impressionante média de cerca de 20Km/hora durante todo o percurso de vinte e um quilómetros!

No final, as prendas: uma medalha de um metal barato qualquer, um saco com líquidos vários e uma barra de cereais e gelados Olá. E ainda... umas bifanas no espaço reservado a quem tinha a t-shirt da Universidade de Lisboa. Mesmo a calhar! Para o ano há mais e se conseguir treinar durante um mês antes da prova pode ser que tente a meia. Mas como digo isto sempre, já não sei!

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