quinta-feira, abril 13, 2006

Pequenos em grande

Nos dias 7, 8, 9 e 10 fez-se a actividade conjunta dos lobitos dos agrupamentos de Sto. Agostinho e Sé, ambos de Leiria. O local escolhido foi a zona militar ribeirinha de Almourol, entre Tancos e Constância.

No seguimento de actividades anteriores, sempre na temática escolhida para este ano para esta secção: "Os Incríveis", os lobitos eram agentes secretos desde que um agente secreto os nomeou durante a actividade incluída na peregrinação a Fátima, dando-lhes os respectivos cartões. A próxima missão era salvar a família Incrível do terrível Síndrome e o destino, marcado no bilhete (de comboio) Tancos.

Quando chegaram à estação viram um rasto de um veneno luminoso, supostamente do Síndrome, e que acabava numa central eléctrica. O vilão dependente da tecnologia teria aqui a sua fonte de energia para a sua nave e talvez tenha fugido.

No entanto era preciso ir até ao Castelo de Almourol para salvar a família Incrível. Quando eles lá chegam vêem o hastear da bandeira de Portugal no cimo do castelo e depois encontram um CD com uma mensagem do Sr. Incrível a dizer que a família incrível já estava sã e salva graças à ajuda dos lobitos.

Em resumo estas foram as linhas mestras da actividade. Para quem a preparou houve bastante mais a ter em conta. Reuniões de preparação para discutir o enquadramento dos jogos na temática, visitas ao local para falar com as diversas entidades para saber as condições de alojamento, pontos de água, refeições, actividades extra, distâncias das caminhadas, estudar o tempo de articulação entre as várias propostas. Nos próprios dias da actividade haviam membros da equipa Arco-Íris (chefia) que ficavam em campo a preparar algo para quando os lobitos regressassem.

Eu fui com a Ana da Sé mais cedo, de carro, para:
1. verificar as condições do terreno para acampar (chão ligeiramente molhado e os lobitos chevam perto das 22h de comboio), a casa dos pastores era apertada e o telhado com muitas gretas (complicado para acantonar com lobitos caso chovesse como era previsível), por isso, solicitar que pernoitássemos no Casal do Pot, complexo militar abandonado e em avançado estado de degradação, mas onde o Oficial de Dia descobriu uma divisão ideal para toda a alcateia.

2. confirmar a nossa presença em território militar (que fizemos assim que ele nos viu).

3. contactar a padeira mais próxima para nos abastecermos nos dias da actividade. Foi em Barquinha e a senhora Marianete mostrou-se bastante prestável com o seu riso invulgar. Às 7h da manhã lá estávamos todos os dias para levar mais de 100 pães.

4. marcar o percurso do veneno luminoso do Síndrome (Flash Lights que se iluminavam quando os dobrávamos e os dois líquidos internos se misturavam) desde a estação de Tancos até à central eléctrica, com oito luzes. E vimos que aquele percurso demorava cerca de 15 a 20 minutos a pé, porque a Ana fê-lo enquanto eu dei a volta de carro até à central.

No Sábado saímos do Casal do Pot, para acamparmos numa zona com vista para o castelo até ao fim da actividade. Enquanto todos foram ao raid eu fiquei pelo acampamento para ajudar a arrumar algum material. Mas isso foi num instante e aproveitei para ir a pé até perto do castelo por um atalho que me perguntava onde iria ter, apesar de o Oficial de Dia da Escola Prática de Engenharia me ter informado que aquele caminho não era usado há muito tempo. Sabia que tinha de ir dar a uma passagem estreita por baixo da linha de caminho-de-ferro. Finalmente encontrei-a. Assim que espreitei pela passagem, passou por cima de mim um comboio em grande estrondo. Que grande susto! Mas já ali estava a ver o castelo e ainda bem que o fiz, porque o raid atrasou-se ligeiramente e preferimos fazer a travessia de barco para o castelo no domingo de manhã (assim falei logo com o barqueiro) e assistir aí ao hastear da bandeira nacional, em vez de ser no quartel às 8h como estava previsto.

Esta caminhada foi boa para ajudar a digerir as três postas de cherne do almoço, refeição cozinhada por pais de lobitos que se disponibilizaram a acompanhá-los. Estava muito bom e era mal empregue estragar-se.

À noite foi o momento de olhar para o céu com olhos de ver: no Centro de Astronomia de Constância. Infelizmente o Prof. Máximo Ferreira, aquele que escreve na visão e acompanha o seu texto de um mapa do céu, não pôde estar presente. Infelizmente eu também não. Fui ao Hospital de Abrantes confirmar que um lobito não tinha nada no ombro.

Durante o raid da tarde, enquanto estavam no quartel, ao experimentar um exercício de barras assimétricas onde se deveria saltar de uma para outra mais alta sem escorregar, ele fez isso mesmo e caiu de costas. No hospital, depois da espera desesperante, perante a pergunta simples da médica espanhola: Onde é que te dói?
ele responde: Já não me dói! Apeteceu-me dar-lhe uma pancada no ombro para ao menos ter um motivo que justificasse a ida ao hospital. Mesmo assim, foi tirar um raio-x que foi examinado por um ortopedista (ainda bem que fui ao hospital de Abrantes que no de Tomar, mais ou menos equidistante do local onde estávamos, não havia ortopedia e teria de ir ao de Abrantes na mesma!). Este último, quando não viu nada de anormal, brincou com ele, também Gonçalo: Ouve lá, tu escusas de te andar a atirar para o chão. Senão pareces o Liedson!
A isto, o miúdo depois confidencia-me que nem sequer era do Sporting!

No domingo finalmente a ida ao castelo. Os pontos de atracção foram os patos na margem à espera de pão e com uma dúzia de patinhos, o casal de porcos vietnamitas que o barqueiro levou para a ilha (a par das cabras montanhesas, mas essas de mais difícil observação e escaparam aos olhos dos miúdos), os caminhos pela ilha até ao cimo do castelo, incluindo as íngremes escadas de madeira, o momento solene do hastear da bandeira e, por fim, a mensagem do Sr. Íncrivel. O CD que eu gravei (distorci a minha voz e introduzi uma música de fundo lamecha) e disse que tinham sido os dois tropas que foram hastear a bandeira que o esconderam era para ser ouvido através de um rádio-leitor de CD's. Mas não tinha pilhas! E então, "por acaso" (isto é, de propósito), até tinha ali o carro perto que tinha leitor de CD's e até já estava à beira de um pequeno anfiteatro em escadaria onde todos se sentaram a ouvir mais ou menos convencidos a mensagem do Sr. Incrível.

Seguia-se o momento mais agitado da actividade. Mas antes desse, o mais calmo: a missa de domingo de ramos na igreja matriz de Constância. Quando conseguimos transportar todos os lobitos até à igreja a missa estava mesmo a começar e ficámos espalhados pela igreja. O padre, numa redistribuição hábil, fez toda a gente sair pela porta da frente e reentrar pela principal em cortejo, ficando depois os escuteiros todos juntos, à frente, nós e uns pioneiros de um agrupamento de Lisboa. Mesmo com essa benesse a missa demorou uma eternidade.

Assim que chegaram todos, escuteiros e pais, ao parque de merendas à beira foz do Zêzere no Tejo saciou-se a fome com a muita comida que os pais trouxeram. Sem abusos, que a seguir era para meter água.

Dividindo-se toda a comitiva em dois fizeram-se duas actividades: descer de canoa o rio Zêzere a jusante da barragem de Castelo de Bode e visitar o Centro de Astronomia de Constância. Depois trocavam. Eu acabei por não ir novamente ao Centro de Astronomia, por na primeira fase ter ido levar a carrinha já sem canoas até Constância e na segunda ter descido o resto do rio até quase ao Tejo. Esse era, aliás, o momento mais aguardado. Tanto que enquanto não vinha a malta para fazer a segunda parte da descida do rio eu brincava com as canoas que já tinham chegado. Durante a descida o rio estava extremamente calmo, algumas zonas com pouca água, uma vez tive mesmo de sair e empurrar a canoa em direcção a um rápido e nas duas pontes já perto de Constância havia um pequeno rápido a contornar os pilares, mas nada de especial.

Quando cheguei, deixei os meus passageiros e fui com o meu irmão até ao Tejo. Mas em vez de remoinhos e águas revoltas como seria de supor, bancos de areia em pleno leito do rio e níveis de água em alguns locais que nem chegavam à cintura. O Tejo brando que parecia desposado de qualquer musa de Camões.

À noite, o fogo-conselho. Um momento para termos o feedback dos lobitos em relação ao que mais gostaram, com as peripécias da canoagem a serem o tema predominante. Foi um momento muito engraçado e onde se notou esmero na preparação das peças cómica e séria, apesar do pouco tempo que lhes demos.

Na segunda-feira, já sem alguns membros da chefia, o dia foi mais calmo e resumiu-se a desmontar o campo de manhã e a visitar os paraquedistas de tarde e daí fazer o derradeiro percurso a pé até à estação, minto, apeadeiro de Tancos.

Nos paraquedistas os olhos curiosos absorveram toda a explicação de como funciona um para-quedas, exemplificado ao vivo com um rapaz a accionar os comandos todos e a exemplificar todas as situações. O momento alto foi o disparo do para-quedas de emergência expelido rapidamente pela força de uma mola. Para além desse ponto, a demonstração dos cães de guerra também foi interessante. Primeiro os cães a obedecerem a ordens cada vez mais complexas, depois a atacarem um militar que se passava por malfeitor, mas levava uma protecção no braço para o cão morder à sua vontade que qualquer coisa!

Findo tudo isto puseram-se todos a andar para o comboio com o incentivo/ameaça de que iriam perder o comboio para o Entroncamento e daí para Pombal. Chegaram lá bem a tempo, lancharam tudo quanto lhes demos, e mais comiam se houvesse, que eles estavam bem estafados. Por aqui ficou actividade dos lobitos da Sé e de Sto. Agostinho que terão uma próxima já no Acapatrono nos dias 29 e 30 de Abril. Gostei bastante da actividade e, verdade seja dita, até se portaram bem...

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